21.4.13

praça de alimentação da faculdade


passara a tarde toda
sozinho com muito sono
tentando engolir
o primeiro capítulo
sobre primitivismo, 
mais longo que minha sonolência.
agora aqui nada precisa se estirpar
nada é meu demais, a não ser o café, menos,
só o vapor que me embaça os óculos
e só porque é uma mania.
todos conversam entre animados
e esgotados demais para
se exaltarem de verdade
enquanto comem e bebem
eu como e bebo
faz calor na praça de alimentação
a comida do jantar é a mesma do almoço
estou no meio deles com o café
dois pães de queijo frios
e os óculos embaçando-se intermitentemente
em movimentos de deglutir com a cabeça
a realidade em ondas duma
constância nebulosa, sei
que jamais repetirei isto
um grupo levanta-se, é um grupo
que se levanta como
se dissessem em uninosso: "fiquem!,
outros grupos que se levantarão:
este lugar precisa de vocês!
vejam aquele menino de óculos que passou
o dia tão sozinho que nem se deu conta
até encher os ouvidos
dessa vitalidade toda requentada
ele precisa dos joelhos de vocês
ele precisa ver os joelhos de vocês trepidando a ânsia de ir
para casa. ele precisa
ser o único a saber, agora,
que eles se movem debaixo da mesa, secretamente alheios
à discussão do power point... ao mesmo tempo, ele precisa
não fazer idéia
de onde é a casa de vocês"



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