da caneta que não arremata nada
tudo remonta a tanto, tudo
se aplica à espera,
ao gole, à fornada
à comanda
de quantas horas se forjará
o arremate? quantos
dias para sustentar
o dia?
a mesma chapa
o mesmo fazedor milagroso
de suco de laranja
e no entretanto:
os parentes dos hospitalizados do samaritano
que vem até aqui a essa hora
sempre mudam com a madrugada
nunca os reconheci
já são 24 h mesa da frente
já são 24 h fronte assomada
já são 24 h franja afrontada
24 h mesmo
é para quem não tem
o que fazer
não tem, mas faz
porque no fundo
sempre fica borra
eu, por exemplo,
tenho aqui um livro que insiste em fazer com que não me lembre
é mais escorregadio do que se pensa
não lembrar
o livro é bom, elucidante
é só que sempre
tenho eu este mesmo console a fim
de lê-lo:
24 h
e mais ou menos
uma padaria de distância
com o café, o sono e o espírito
essa trindade já espirrando maio
o amor contudo sempre se ajeita
num corpo, o amor contudo
o amor
se embebe sempre todo embora
e é esdrúxulo
como essa padaria
sempre assoma
o amor vem numa outra xicara
que deve estar lavando
já serviu tanto por aqui
que é natural não saber
onde ela está
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